sábado, 12 de julho de 2008

O cavalo amarelo

Franz Marc

(um dos cavalos amarelos de Franz Marc)


a António Ramos Rosa


Por entre carros
e buzinas
cortando a fumaça
das fábricas
cavalgando
sobre o lixo
do asfalto
súbita magia
desatou suas crinas:
um cavalo a correr
um cavalo amarelo
desenhado pelas mãos
de um menino
esculpido pelo cinzel
dos ventos
um cavalo livre
desatado de celas
e esporas
envolvido por nuvens
e brisas
súbito
explodiu a vida
arrebentou o coração
da cidadena plena agitação
do trânsito.
As crianças que dormiam
as viúvas que choravam
as andorinhas que voavam
repentinamente
foram tomadas pela alegria:
um cavalo amarelo
um cavalo a correr
desatou súbita magia
nas crinas do vento
nas pedras do mundo.

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