sábado, 12 de julho de 2008

Através das oliveiras


Abbas Kiarostami
Através das Oliveiras, caminho como se fosse o meu íntimo o vento a desatar o alarido das folhas, os verdes gestos do tempo. Através das Oliveiras, perco meu rosto entre o movimento dos ramos, entre o movimento de crianças invisíveis e, desatado de mim, meu rosto caminha além dos meus passos, perdendo-se no infinito do teu próprio rosto. Através das Oliveiras, busco o início do teu corpo, o limite do teu nome, o pensamento impossível: música a adejar sobre tudo o que é humano. Através das Oliveiras, esparramo pelas raízes os sentimentos: cacos de um cristal espatifado nas origens e descubro, enfim, que cada movimento do meu corpo reluz o sol do teu perpétuo nascimento.

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